Pelo título, parece algo tão óbvio, não é verdade? Também acho! Afinal, não faz sentido cada um puxar a corda para um lado diferente. Todos estão no mesmo barco, e o sucesso de um depende diretamente do sucesso do outro.

Porém, na prática, a realidade nem sempre reflete essa lógica. Principalmente em operações que não estão tão lucrativas assim. Os motivos podem variar: problemas no ponto, dificuldades na praça, divergências de opinião que levam à falta de confiança, ausência de suporte… e por aí vai.

O fato é que muitos desses problemas poderiam ser até relativizados: isso implica em olhar para os problemas com olhos de quem de fato busca uma solução e assim atribuir-lhe o peso que realmente tem.

O vilão chamado desconfiança
Tem um grande vilão que costuma circular entre as partes é a falta de confiança. Esse aspecto está longe de ser de baixo impacto. Uma relação marcada por desconfiança pode gerar má reputação, dificultar negócios saudáveis e, em casos mais graves, resultar em disputas contratuais, processos judiciais e complicações legais. Isso não só prejudica a relação entre franqueado e franqueadora, mas pode comprometer toda a rede.

Do glee ao conflito: o que acontece no meio do caminho?
Se olharmos lá para o início da parceria, o momento que Greg Nathan (o maior guru do franchising, na minha humilde opinião) chama de glee — alegria —, ninguém está pensando em problemas. O franqueado está radiante por realizar o sonho de operar uma unidade da marca, enquanto a franqueadora celebra a chegada de mais um parceiro na rede.

Então, a pergunta que não quer calar é: por que essa alegria inicial começa a se esvair, dando lugar a sentimentos opostos?


Os motivos são muitos, mas, com base no que já vi ao longo da vida, destaco alguns que considero os mais impactantes:

A falta de escuta ativa
Criar momentos de escuta, como reuniões, pesquisas de satisfação entre tantos outros mecanismos, é algo que muitas redes fazem. Mas escutar de verdade é outra história. Colocar-se no lugar do franqueado, entender suas dores, mágoas e problemas, e buscar soluções de forma empática ainda é uma habilidade em falta para muitos.

    Comportamento de superioridade
    Já ouviu falar no Transtorno de Personalidade Narcisista (TPN)? É aquele em que a pessoa tem um senso exagerado de auto importância, precisa de admiração constante e despreza opiniões alheias. Fazendo uma analogia, algumas franqueadoras acabam agindo de forma similar, com uma postura de superioridade. Tratam o franqueado como alguém sem conhecimento sobre o negócio, sem conhecimento sobre gestão… O ideal seria exatamente o oposto: aproveitar a diversidade de experiências e conhecimentos para aprimorar continuamente a rede.

    Consultores de campo inexperientes
    Consultores sem vivência prática ou conhecimento profundo que agem mais como auditores autoritários do que como mentores. Em vez de ajudar o franqueado a evitar erros, parecem mais interessados em apontá-los. Quando comecei na consultoria, há mil anos, aprendi algo valioso: precisamos ser consultáveis, e não apenas consultores. É isso!

    Incoerência com os padrões
    Padrões precisam estar bem documentados, treinados, comunicados e conhecidos por todos. Mais importante ainda: precisam ser implementados e seguidos com consistência. Quando isso não acontece, abrem-se brechas para que cada um resolva os problemas do seu jeito, criando um efeito dominó de desencontro e desalinhamento na rede.

    E tem mais problemas?
    Com certeza! Mas um deles merece um artigo exclusivo: a estrutura de suporte aos franqueados. Esse é um tema que considero tão importante que prefiro dedicar um momento só para ele.

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