Antes de começar a falar desse assunto tão necessário na jornada de um colaborador queria lançar algumas questões que com certeza são balizadoras para a efetividade desse processo:

  • Ainda deixa para contratar quando está com a vaga em aberto e há a necessidade de colocar alguém com urgência?
  • Ainda tem aquele pensamento [bem ultrapassado, diga-se de passagem] de acreditar que é melhor colocar para trabalhar de uma vez em vez de fazer o treinamento antes?
  • Ainda sente que o treinamento é perda de tempo? O melhor mesmo é fazer o colaborador colocar a mão na massa, por que é somente a prática que ensina?

Encontrar a pessoa certa para vaga certa na empresa certa é uma tarefa importante, fundamental, que dá trabalho, gera investimentos, tanto de dinheiro como também de energia, mas que é necessário se o objetivo maior é formar uma equipe campeã.

Depois de ter todo esse trabalho e garimpar a pessoa ideal, vai colocar diretamente para trabalhar sem nenhuma orientação? Tipo colocar na arena dos leões sem treinamento, sem orientação e sem segurança? Não né? Até porque seria um tiro no pé. É a pior forma de iniciar a jornada de alguém dentro de uma empresa. Histórias sobre acolhida malfeita? Quer saber? Tenho uma coleção, mas algumas ficaram realmente marcadas na memória. Todas contadas pelos protagonistas, nos treinamentos que faço, vamos às histórias:

“Oca, eu já tinha trabalhado como vendedor e me considerava bom em atendimento e vendas, mas nunca tinha trabalhado em uma farmácia. Fizeram boas-vindas contanto um pouco sobre a empresa, meus deveres, meus direitos e tal e me colocaram para trabalhar em uma das lojas. Fiquei com um vendedor mais antigo, sendo sombra dele… Fui indo, observando e aprendendo. Tu tens noção de quantos produtos tem em uma farmácia? Milhares! Eu só tinha em mente uma coisa: tinha que aprender tudo aquilo. Foi quando entrou um homem na loja, todo apressado, com cara de nervoso e o meu treinador falou: vai que é tua Tafarel. Fui nervoso atender, quando perguntei o que ele queria e ele falou: Tylenol. Soou como música para os meus ouvidos. Tylenoll todo mundo sabe o que é. Ele falou que o bebê dele estava queimando em febre e que ele estava com pressa. Fui correndo peguei a caixa de Tylenoll 750 e entreguei para o cliente. Foi quando ele surtou. Gritou perguntando para mim: Como o meu bebê vai engolir esse troço? Agora eu te pergunto Oca: como é que eu vou saber que existe Tylenoll em gotas? Não tenho nenhum bebê por perto. Eu não tinha esse conhecimento, não tinha a menor noção. Essa situação horrível me travou, senti que fui colocado a prova sem ter recebido a orientação necessária”.

Poderia parar por aqui, pois essa história já é bastante elucidativa, não é mesmo? Mas vamos para mais uma:

“Comecei a trabalhar nessa loja. Uma grande loja de departamentos e eu estava muito feliz por ter conseguido entrar. Era o meu sonho. Sabe o primeiro dia, né Oca? Aquela preocupação de chegar no tempo certo. Acordei horas antes, me arrumei e sai rápido. Até nem tomei café da manhã para não correr nenhum risco. Como não estava acostumada com o transporte, resolvi não arriscar. Cheguei antes da hora e fiquei esperando. Quando abriu a loja, entrei e já fiquei junto da gerente, que foi me explicando tudo. Eu estava com uma preocupação, pois ela não tinha falado nada sobre isso. Queria saber qual seria a hora do meu intervalo para almoço. Mas não perguntei. Sabe né, sair perguntando de intervalo no primeiro dia, logo de manhã, leva a preconceitos: “mal começou e já está preocupada com o intervalo. Essa não vai dar certo.”. Enfim, não perguntei. Mas o tempo foi passando. Todo mundo saindo para almoço, menos eu. Foi quando chegou perto das 17 horas e eu caí dura no meio da loja. Desmaiei. Pensa, Oca: Eu estava nervosa, primeiro dia, sai super cedo, sem café da manhã para não correr risco de me atrasar…não me falaram de almoço. Fiquei insegura e não perguntei. Deu no que deu: desmaiei.

Quer mais histórias? Ah, eu tenho mais umas 200, mas o ponto aqui não é esse, usei as histórias da vida real somente para ilustrar a minha tese: a importância da realização de uma acolhida, de um programa de boas-vindas, uma integração e um on boarding [o nome não faz diferença, chame de como achar mais legal] bem-feito.

Acredito que a maioria dos líderes sabem da importância dessa etapa no desenvolvimento de um colaborador. Mas daí eu me pergunto: por que tantas falhas? Por que tantos processos malfeitos? Por que logo ter tantas ideias de encurtar esse processo tão fundamental? 

Mas aí vem a pergunta que não quer calar: o que seria uma acolhida bem-feita?

Para começo de conversa é legal começar com o que eu chamo de arquitetura da acolhida, ou seja, estruturar como deve ser o passo a passo. O que precisa informar? Quais os assuntos? O que precisa treinar? Quem vai ajudar nesse processo? Como? Ou seja, é preciso definir os objetivos que se quer e as necessidades que um novo colaborador tem para começar a trabalhar bem.

Gosto de dividir esses conhecimentos em duas categorias: para começar a trabalhar e para trabalhar bem. Não precisamos ensinar tudo em uma sentada só. Isso não é produtivo do ponto de vista da aprendizagem.

Dicas importantes para dar tudo certo e se atingir os objetivos:

Cuide do conteúdo e da forma. Não importa somente o que se vai comunicar, informar ou formar, mas também, como fazer.

  • Sobre design se fala que não basta ser bom, tem que parecer bom. Portanto, cuide dos designs de qualquer material de treinamento.
  • Separe os conteúdos que precisam ser treinados em categorias, como por exemplo: história da empresa, posicionamento e diferenciais, regras, deveres e obrigações e todas as outras categorias… É necessário levantar todos os blocos de conteúdo que precisamos repassar.
  • Quem vai fazer isso? Tem que pensar muito bem. Habilidade de comunicação, carisma, entusiasmo são aspectos bem importantes para quem for assumir esse papel.
  • Que tal revisar o seu processo de integração? Sempre é possível melhorar a forma que se faz colocando o cliente no centro dessa melhoria. Cliente? Sim, nesse caso o colaborador.

		
			

4 respostas

  1. Amei, Oca. Parabéns e muito obrigada por compartilhar teu conhecimento conosco. Além de ser uma pessoa maravilhosa, és uma excelente profissional. Bjos

    1. UAU Lu 🙂 Amei muito tudo isso. Gosto de escrever e compartilhar as minhas ideias e pensamentos sobre os temas. A vontade é de ajudar, sempre.

  2. Certamente Oca parabéns, a preparação e qualificação pessoal são fundamentais para transpor os obstáculos e aproveitar as oportunidades!

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